Project Description
Neste projeto, resolvi investigar visualmente uma das fábricas mais antigas ainda em funcionamento na cidade do Rio. Ela resiste bravamente na área do Porto Maravilha, que vem sofrendo grande revitalização por conta dos jogos Olímpicos. À cerca de 50 anos no local, o dono diz que sairá, mas só quando seu novo terreno, longe dali, estiver pronto para receber as máquinas e funcionários. Enquanto isso, o entorno da fábrica ja está a poucos meses de entregar prédios comerciais luxuosos, hotéis, centros culturais, estações de VLT e até um aquário. A própria Avenida Binário, récem inaugurada, faz uma sinuosa curva para desviar da fábrica.
Lá dentro, cerca de 30 funcionários se revezam nos fornos de fundição e prensas hidráulicas, equipamentos projetados no início do século XX, para entregar 600 discos de alumínio por dia, que são depois enviados a outra fábrica, para se transformarem em panelas.
O cenário interno não é dos mais acolhedores, mas, surpreendentemente, tudo funciona como um relógio alemão.
Na sala de fundição o calor impera. 2 fornos a 700 graus, no chão, operados manualmente, derretem a sucata transformando-a em um líquido metálico, fervente e hipnotizante. Dali saem chapas grosseiras de alumínio, que vão para as prensas, onde são afinadas e cortadas em formato circular.
Apesar do barulho ensurdecedor, dos funcionários pouco se ouve uma ou outra palavra; Eles apenas repetem suas tarefas, infinitamente. Apesar disso, aparentam bom humor. O mais antigo da casa, há 27 anos comandando o forno, diz que todos gostam de trabalhar ali, mas que estão ansiosos pelo novo espaço.
Enquanto eles não saem, o Porto segue seu ritmo frenético de gentrificação, e a fábrica segue ali, fazendo seu panelaço, mas sem chamar muita atenção.