Project Description
Em meados de 2011/12, comecei a perseguir uma foto em especial. A lua cheia se pondo alinhada com o Cristo Redentor. Foi depois de ver essa foto em um livro do mestre Custódio Coimbra que eu decidi tentar executá-la. Naquela época, não haviam aplicativos de celular que facilitavam a triangulação visual deste evento – hoje, além de tecnicamente difícil, esta foto já está bem difundida. Porém, foram nas inúmeras tentativas – frustadas, a maioria – frequentando a cidade à noite, que eu comecei a observar um Rio diferente, mais silencioso, menos exuberante em cores porém mais enigmático, por vezes assustador, onde as formas das montanhas são reveladas apenas pelas luzes da cidade, e não pelo Sol forte que despeja energia diariamente por aqui.
Comecei então a me interessar pelos pontos turísticos tradicionais que não são frequentados à noite – infelizmente, diga-se de passagem – como Mirante Dona Marta, Vista Chinesa, Sétimo Céu, Cristo Redentor, Arpoador, além de trilhas e praias, para conhecer e fotografar a dinâmica da cidade quando ninguém está lá para clicar e postar.
É bem verdade que a Via Láctea é mais difícil de se fotografar em uma cidade com PL (Poluição Luminosa) tão forte como a do Rio, mas, escolhendo os lugares certos e encontrando o que chamo de “ilhas negras” ou seja, pedaços de céu limpo e estrelado, pela ausência de luz artificial – seja por estar próximo à mata, ou mesmo por descaso do poder público que frequentemente deixa setores da cidade sem a iluminação adequada – é sim possível vê-la, e mais ainda, fotografá-la.
Por conta da insegurança que permeia a nossa cidade há anos, este é um projeto longo, infinito, feito com muita calma e cautela. Se eu faço 20 boas fotos noturnas por ano, é muito; é necessário esperar o momento certo, o dia certo, mitigar os riscos ao máximo, ser invisível, e ter um bom preparo psicológico para querer sair a noite e fotografar no Rio.
Neste ensaio, em constante atualização, apresento os meus melhores momentos deste projeto, um dos meus preferidos.