2022 vai ser uma festa para os astrofotógrafos!
Isso porque teremos vários eventos super interessantes, que merecem ser acompanhados e fotografados de perto – se São Pedro ajudar, claro! Vamos a eles!
SUPERLUA
Vou começar pela Superlua, que é a mais trivial de fotografar e se observar. Chamamos de superlua o momento em que a lua cheia ou nova passa o mais próximo da Terra (Perigeu), bem mais perto da sua distância média de 384.000 km. Nesse dia, ela pode se apresentar até 20% maior e mais brilhante, chegando próximo dos 360.000km de distância. Este ano de 2022 teremos algumas aproximações interessantes da lua cheia (ja que a lua nova não enxergamos mesmo né!) que podemos chamar de superlua:
• 16 de maio (junto com o eclipse lunar total): 362.127 km
• 14 de junho: 357.658km
• 13 de julho: 357.418km
• 12 de agosto: 361.409km.
Como fotografar
O procedimento para fotografar a superlua é o mesmo de fotografar uma lua cheia comum. Aproveite o momento do nascer ou do pôr da Lua quando ela estará menos brilhante para compor a foto com a paisagem. No meu e-book “Lua, como Fotografar” eu dou TODOS os detalhes e dicas possíveis sobre fotografar a lua cheia! Além do e-book, tenho alguns videos no Youtube ensinando a fotografar a lua cheia, mas vou indicar abaixo um dos que eu mais gosto, por ser muito completo:
ECLIPSE SOLAR
Teremos 2 eclipse solares parciais em 2022.
• O primeiro, em 30 de abril, vai ser visível para o sul da América do Sul – Chile, Argentina, uma pequena parte do Perú, Bolívia, Paraguai e Uruguai. No Brasil, será visto apenas por quem estiver no extremo sul do Rio Grande do Sul, como na cidade de Uruguaiana por exemplo. O pico do eclipse será de 50% de cobertura, apenas para quem estiver láá no Sul da Argentina, na região de Ushuaia.
Veja o mapa do eclipse: https://www.timeanddate.com/eclipse/map/2022-april-30
• O segundo eclipse solar parcial será visto apenas na Europa, no dia 25 de outubro. Com pico de cerca de 80% de cobertura para a região centro-oeste da Rússia, quem estiver na Finlândia e países ao sul poderão ver até 60% do eclipse, enquanto a porção ocidental da Europa ficará com 4% a 50% de cobertura do eclipse, dependendo do país.
Veja o mapa do eclipse: https://www.timeanddate.com/eclipse/map/2022-october-25
A grande expectativa em termos de eclipse solar fica para 2023, quando teremos um mega eclipse solar anular no Brasil e que poderá ser visto completo na região do Nordeste.
Como fotografar:
Fotografar um eclipse solar requer diversos cuidados , para que você não queime a sua retina (queima mesmo, fica cego!!) nem derreta o sensor da sua câmera. É necessário usar filtros acima de 15 stops de luz, ou adaptar lentes de soldador na frente da sua lente. Veja no video abaixo, em detalhes, como eu fotografei o último eclipse solar que ocorreu no Brasil, em 2020.
ECLIPSE LUNAR
Já em termos de eclipse lunar estaremos muito bem servidos este ano! Também são 2 eclipses, e ambos visíveis no Brasil:
• O primeiro será um mega eclipse lunar total, no dia 16 de maio, e a América do Sul está literalmente no centro do eclipse! A lua será encoberta em 100% pela sombra da Terra para todo o território nacional e todos os países latinos, além de toda a região leste dos EUA e Canadá. O único porém é que o auge deste eclipse ocorrerá tarde da noite, entre 11 da noite e 1 da manhã, dependendo de onde você estiver, e, no caso da Lua cheia, este horário ela está bem alta no céu, dificultando uma boa composição com outros elementos como prédios, montanhas, etc – diferentemente do eclipse lunar total de 2018, quando a lua nasceu eclipsada, proporcionando fotos incríveis. Mesmo assim será um espetáculo lindo de acompanhar – se você nunca viu um eclipse total da Lua, não perca, é incrível quando ela fica vermelha!
Veja o mapa do eclipse e programe-se: https://www.timeanddate.com/eclipse/map/2022-may-16
• O segundo eclipse lunar de 2022 também é total e ocorrerá na virada do dia 7 para o dia 8 de novembro, porém neste, só quem estiver próximo da região do Pacífico poderá ver a lua encoberta em 100%. Nova Zelândia, Havaí, Ilhas Fiji, Tahiti, Japão, leste da Russia, Alasca, e toda costa oeste (e até a região central) dos EUA e Canadá terão este previlégio. Aqui no Brasil, quem está na beira do Atlântico (como eu aqui no Rio), além de todas as capitais do nordeste, não verão o eclipse. Já os mineiros, paulistas, sul do Brasil e centro oeste vão ver o eclipse penumbral – que na prática quase não dá pra ver diferença na luminosidade da lua, essa que é a verdade. Porto Velho, Manaus, Boa Vista e Rio Branco são as capitais que poderão ver a lua sendo “comida” pela sombra da Terra, em alguma porção, dependendo da localidade.
Veja o mapa deste eclipse: https://www.timeanddate.com/eclipse/map/2022-november-8
Como fotografar:
O eclipse lunar é bem mais fácil de fotografar do que o solar, não exige proteções ao seu olho nem à câmera, só demanda um pouco de paciência, mas é um espetáculo muito interessante de acompanhar. Esteja munido de tripé, controle remoto e lentes que vão dos 50mm aos 400mm, dependendo do que você queira fazer, se só a Lua bem fechada, ou compondo com algum elemento terreno. Fazer um timelapse também é uma boa ideia! Mais uma vez, vou deixar o link do meu e-book “Lua, como Fotografar” , que tem algumas páginas dedicadas ao eclipse lunar.
Além disso, eu tenho dois videos super explicativos sobre o eclipse lunar, que ocorreram em situações bem distintas, recomendo assistir.
VIA LÁCTEA
Como a maioria dos meus leitores é do Brasil, vou focar na Via Láctea do hemisfério sul. A temporada de fotografia usando a Via Láctea como elemento de composição começa no final de fevereiro, e vai até o final de outubro. No resto do ano, seu núcleo fica invisível para nós, e mais visível no hemisfério norte.
O auge da temporada é em meados de julho-agosto, quando é possível fotografá-la “em pé” e “deitada” no mesmo dia, pelo forma como ela se movimenta no céu. A Via Láctea proporciona fotos fantásticas, de preferência compondo com a paisagem terrena, e deve ser procurada no céu com apps como o PhotoPills, Stellarium e Sky View.
No caso da Via Láctea a regra é clara: Quanto mais escuro melhor! Procure os céus mais escuros, longe da PL (Poluição Luminosa) que você terá menos trabalho para encontrá-la e consequentemente menos trabalho na pós-produção, para deixá-la mais relevante na foto. Existe uma escala que mede a luminosidade do céu, a Escala de Bortle, sendo 9 o céu mais “poluído” de luz, como os das grandes cidades, e 1 o céu mais perfeito, mais escuro, longe de tudo. Para uma boa foto da Via Láctea, recomendo, pelo menos, um céu 4 na escala de Bortle, ou menos! Um bom app para saber quais as condições do céu onde você está – ou em qualquer lugar do planeta – é o LightPollution Map.
Como referência, vou deixar aqui o link de um dos videos de Via Láctea que eu mais curti em fazer, em um céu espetacular de Bortle 1 ( o melhor de todos!) na Serra do Amolar, no Pantanal – MS.
CHUVAS DE METEOROS
As chuvas de meteoros são recorrentes, acontecem todos os anos nas mesmas épocas. Trata-se dos detritos espalhados pela cauda de cometas que passaram próximos à Terra nos últimos séculos. Esses detritos ficam presos na nossa órbita e todo ano “quicam” na nossa atmosfera. Alguns milhares desses detritos acabam adentrando a atmosfera e se queimando na sua descida à Terra, provocando os belos meteoros. Programe-se para sair da cidade grande e tentar fotografá-las em um ambiente beem escuro, típico das zonas rurais e cidades do interior do Brasil!
O nome dessas chuvas de meteoros se dá em função da constelação de onde irradiam os meteoros, portanto essa informação é fundamental para que você possa apontar a câmera na direção certa! Para encontrar a constelação no céu, use algum app como o Stellarium, Sky View, Sky Safari, Star Walk, etc.
Algumas dessas chuvas só serão vistas no hemisfério norte outras apenas no hemisfério sul. Isso se dá por conta da posição dessas constelações no céu noturno. Se a constelação da chuva que você deseja fotografar estiver durante o dia aqui no Brasil, não será possível fotografá-la. Essa informação você descobre, novamente com os apps citados acima.
Janeiro
• Quadrantidas
Entre 28/dez/2021 e 12/jan/2022.
Pico: 3 – 4 de janeiro
Quantidade: Aprox. 110 meteoros/hora no pico
Descrição: Meteoros azulados, amarelados e brancos com rastros finos.
Como encontrar: Procure a constelação de Bootes ou Boieiro.
Abril
• Liridas
Entre 14 e 30 de abril
Pico: 22-23 de abril
Quantidade: Aprox. 20 meteoros/hora no pico
Descrição: Meteoros rápidos e muito brilhantes, alguns deixando rastros. Associados ao cometa Thatcher.
Como encontrar: Procure a constelação de Lira.
Maio
• Eta Aquáridas
Entre 19 e 28 de maio
Pico:6 de maio
Quantidade: Aprox. 50 meteoros/hora no pico
Descrição: Meteoros baixos no horizonte. Associados ao famoso cometa Halley
Como encontrar: Procure a constelação de Aquarius
Julho/Agosto
• Alpha Capricornídeos
Entre 3/julho a 15/agosto
Pico:30 de julho
Quantidade: Aprox. 5 meteoros/hora no pico
Descrição:: Bolas de fogo lentas e amareladas
Como encontrar: Procure a constelação de Capricórnio
• Delta Aquáridas
Entre 12/julho a 23/agosto
Pico: 30 de julho
Quantidade: Aprox. 25 meteoros/hora no pico
Descrição: Meteoros constantes por varios dias, mas com baixa taxa por hora.
Como encontrar: Procure a constelação de Aquarius
• Perseidas
Entre 17/julho a 24/agosto
Pico: 12-13 de agosto
Quantidade: Aprox. 100 meteoros/hora no pico
Descrição: Muitos meteoros por hora, brilhantes e rápidos. Associada ao cometa Swift-Tuttle
Como encontrar: Procure a constelação de Perseus
Setembro/Outubro
• Táuridas
Entre 10/setembro e 7/novembro
Pico: 10-11/outubro
Quantidade: Aprox. 5 meteoros/hora no pico
Descrição: Meteoros bem lentos
Como encontrar: Procure a constelação de Touro
Outubro/Novembro
• Draconidas
Entre 6 e 10 de outubro
Pico: 8-9 de outubro
Quantidade: Aprox. 10 meteoros/hora no pico
Descrição: Associada ao cometa Giacobini-Zimmer
Como encontrar: Procure a constelação do Dragão
• Orionídeas
Entre 2/outubro e 7/novembro
Pico: 21/out a 2/nov.
Quantidade: Aprox. 25 meteoros/hora no pico
Descrição: Meteoros rápidos com rastros bem finos. Associadas ao cometa Halley.
Como encontrar: Procure a constelação de Órion
• Leonidas
Entre 6 e 30 de novembro
Pico: 17-18 de novembro
Quantidade: Aprox. 10 meteoros/hora no pico
Descrição: Meteoros rápidos com rastros finos. Associadas ao cometa Tempel-Tuttle.
Como encontrar: Procure a constelação de Leão
Dezembro
• Geminídeas
Entre 4 e 20 de dezembro
Pico: 14-15 de dezembro
Quantidade: Aprox. 150 meteoros/hora no pico
Descrição: Muitos meteoros brilhantes, alguns rastros longos.
Como encontrar: Procure a constelação de Gêmeos
• Ursídeas
Entre 17 e 26 de dezembro
Pico: 22-23 de dezembro
Quantidade: Aprox. 10 meteoros/hora no pico
Descrição: Chuva fraca e esparsa. Associada ao cometa 8P/Tuttle
Como encontrar: Procure a constelação de Ursa menor
Como fotografar
Para fotografar uma chuva de meteoros é preciso muita paciência, câmera no tripé, intervalômetro, deixando a câmera fotografar sozinha em direção à constelação certa, pela noite toda. Depois é procurar as fotos que pegaram os meteoros riscando o céu. Alguns fotógrafos fazem uma sobreposição dessas fotos em uma só, juntando todos os meteoros “coletados”durante a noite em apenas uma foto. É uma prática bem comum para este tipo de fotografia. Essa sequência de cliques durante o longo período da noite também pode se transformar em um interessante timelapse. Apesar de já ter fotografado chuvas 2 vezes, eu ainda não produzi nenhum video pro canal no Youtube sobre elas, mas prometo mudar isso esse ano!
No meu curso online Fotografia de Paisagem, na aula sobre chuvas de meteoros (Módulo de Astrofotografia e Módulo de edição) eu explico mais detalhes sobre como executar essas fotos e pós-produção.
Aí você me pergunta, Marcello, e os cometas? Em 2020 tivemos o Neowise, em 2021 o Leonard.. o que teremos em 2022?
Os cometas são difíceis de prever, sua trajetória é errática e ao passar próximo ao Sol eles podem se desintegrar.. portanto ainda é cedo para levantar essas informações. Mas se acontecer, certamente estaremos lá atrás dele! 😉
Em termos de astrofotografia de paisagem, estes são os principais eventos do ano! E aí, qual você anima tentar fotografar?
Boas fotos!
SOBRE O AUTOR
Marcello Cavalcanti
Fotógrafo outdoor com 20 anos de experiência. Youtuber com o canal Por Trás da Foto, professor de fotografia presencial e online, idealizador dos Cursos Online Fotografia de Paisagem., Filter Masters by K&F Concept, A Caixa Preta do Fineart, Lightroom Classic Completo, e vencedor de prêmios relevantes no cenário da fotografia de paisagem e natureza. Cadastre-se na minha newsletter para ficar sabendo dos novos lançamentos, promoções e dicas de fotografia!