Enfim! Pouco a pouco a Canon vai botando as garras de fora

E apresentando seus modelos profissionais e amadores da linha mirrorless (RF), mostrando claramente o caminho que ela vai seguir daqui em diante.

Foi um longo inverno para os amantes da marca, que demorou demais para entrar com os dois pés no mercado mirrorless, inaugurado em meados de 2012 pela Fuji, e logo dominado pela Sony.

Antes de me aprofundar nos modelos que a Canon vem apresentando nos últimos anos, vamos a alguns esclarecimentos:

  • São consideradas câmeras “mirrorless” (sem espelho) todas aquelas com sistema ótico intercambiável (ou seja trocam de lente) mas não tem o espelho interno tipico das SLR, que reflete a luz até o viewfinder superior, também conhecido com visor ótico. Trocando em miúdos, o viewfinder é aquele buraquinho onde você encaixa o olho para ver a imagem. Aquela imagem que você vê no viewfinder, nas câmeras tradicionais (SLR e DSLR) é literalmente o que a lente está captando naquele momento. Nas mirrorless não existe esse espelho, por isso a imagem é captada e processada digitalmente pela câmera, antes de chegar até o viewfinder, o que significa que o que você está vendo ali é uma imagem digital do que está sendo captado. O viewfinder das câmeras mirrorless, é, portanto, eletrônico (chamado de EVF – Electronic VewFinder) e é na verdade uma mini-tela. O fato de processar a imagem antes de chegar ao seu olho permite que a câmera identifique elementos previamente ao clique, como pessoas, carros, animais, e consiga fazer um foco automático muito mais preciso, por exemplo. Além disso, a ausência do espelho é um elemento físico a menos no corpo da câmera, permitindo aos fabricantes lançar modelos menores e mais compactos, mas com a mesma qualidade de imagem ou até superior, visto que os sensores não diminuiram, e estão ganhando cada vez mais qualidade e recursos.
  • Vamos fazer uma justiça aqui: a Canon entrou sim no mercado mirrorless assim que ele começou a engatinhar, com a câmera EOS M, em 2012. A linha “M” dispõe de câmeras compactas, bem menores do que uma DSLR de entrada (como a SL3, por exemplo), com sensor APS-C, mas que se parecem mais com um brinquedo para quem está começando, do que uma câmera de verdade. Para lançar essa linha, a Canon criou um mount (encaixe) novo, o mount M, e essas câmeras tem sua própria linha de lentes, podendo intercambiar com lentes EF e EF-S da própria Canon usando um adaptador.
  • Enquanto a Canon patinava com a linha M, lançando muitas câmeras e poucas lentes para o novo sistema, e ao mesmo tempo mantinha sua produção de DSLRs a todo vapor, com os lançamentos anuais de sempre, marcas que até então não tinham uma penetração expressiva no mercado de câmeras digitais DSLR, como a Fuji, Panasonic, Pentax e Sony, acreditaram no universo mirrorless que despontava no horizonte e foram ganhando terreno, lançando suas câmeras aos poucos. Nessa corrida, a Sony acabou se destacando mais, partindo agressivamente para o mercado das full frame (profissionais), lançando a Alpha7 em meados de 2013/14. A câmera tinha muita qualidade no sensor e nas lentes, mas pecava pelo viewfinder com um lag (atraso) irritante na imagem, ou seja, era visível a falta de sincronismo entre o acontecimento real e o que você estava vendo através da EVF da câmera. Além disso, as primeiras Alpha 7 ficaram famosas por drenarem muita bateria em pouco tempo, obrigando o fotógrafo a ter uma bolsa de baterias à sua disposição para uma simples sessão fotográfica. Esses problemas mantiveram os profissionais um pouco distantes dessa migração por um tempo, mas a Sony trabalhou duro em cima das críticas e inovou com diversas outras novidades como o IBIS (sistema de amortecimento do sensor para evitar fotos tremidas) integrado, wifi, centenas de pontos de foco, mais disparos por segundo, e assim foi se consolidando como a marca referência no mundo mirrorless.
  • A manutenção da linha M nas prateleiras mostrou o quanto a Canon estava cética ao mercado mirrorless naquela época, pois ao longo destes anos elas nunca chegaram aos pés das Sony. Foram 10 anos e 11 câmeras lançadas, mas poucas lentes, o que mostrava claramente que aquilo não era uma prioridade para a Canon, mas ao mesmo tempo ela não matou a linha, acredito que apenas para se manter no mercado e dizer que tinha uma mirrorless à venda.
  • Por fim até que eles melhoraram bastante o produto, e a M50 veio a ser uma das queridinhas dos produtores de conteúdo digital que produzem vlogs para o Youtube, pois a câmera é muito pequena e compacta, grava em até 4k, tem a tela de LCD móvel (ideal para video-selfies), suporta microfone externo, etc. Eu mesmo uso uma M50 para os meus videos no Youtube, não é uma câmera muito robusta mas é extremamente prática e boa de usar para video. Para fotografias, acho a câmera compacta demais e pouco intuitiva. Porém, mesmo com o aparente sucesso da M50, é consenso entre os analistas desse mercado que aos poucos a Canon vai abandonar essa linha, pois está investindo tudo na sua nova – e definitiva – linha de mirrorless, as Canon RF.

O início: EOS R

A primeira Canon da linha RF foi a Canon R, apresentada ao mundo em 2018. É uma câmera que ainda não foi atualizada (pelo menos até maio/22) e foi a primeira câmera full frame da Canon no mercado mirrorless. Com a R, veio o novo mount, o RF, que abriria uma porta para toda uma nova linha de lentes mais eletrônicas e tecnológicas. As lentes tradicionais (EF / EF-s) podem ser utilizadas no mount R, usando um adaptador.

Essa câmera mostrou aos consumidores o caminho que a Canon iria seguir no mundo mirrorless, mas , de certa forma, frustrou o mercado, não porque a câmera é ruim, longe disso, mas porque a primeira full frame mirrorless de porte da Canon foi esperada por mais de 6 anos, e como estamos falando de briga de cachorro grande (Canon, Nikon, Sony, etc) esperava-se uma “Alpha killer”, ou seja, uma câmera que desbancasse a valorosa série Alpha da Sony do topo.

Não foi o que ocorreu, e, mesmo com seus 30 megapixels x 24 da Sony A9, que era a câmera da época, a R foi considerada inferior em quase todos os aspectos, tirando os incríveis 5600 pontos de foco (contra quase 700 da Sony) e a já consagrada proteção externa contra água e poeira, presente nas full frame DSLR da Canon e indicando que era possível sim trabalhar em ambiente externo com câmeras mirrorless, um tabu até então entre fotógrafos de natureza, paisagem e esportes outdoor.

Para completar, um mês depois do lançamento da Canon R, a Sony apresentou a Alpha A7R III, um monstro de 42 megapixels, melhor consumo de bateria, mais rápida, entrada para dois cartões de memória, mostrando que a Canon ia ter que suar a camisa para pelo menos aparecer na foto da chegada.

Ainda em 2018 a Canon apresentou a Canon EOS Ra, um sub-modelo da R, porém com um filtro infravermelho embutido, especial para astrofotografia (por isso o “a” no nome). Apesar de ser um sinal importante para a comunidade de astrofotógrafos, o mercado ficou se perguntando porque a Canon usou este momento tão importante para apresentar uma câmera tão específica e nichada como a Ra. Talvez porque a Nikon fez um movimento parecido 3 anos antes, com o lançamento da Nikon D810a?  Isso só reforçava ainda mais a ideia de que a Canon demorava demais para reagir antes os concorrentes.

Veja nesse artigo (inglês) como, em 2018, o mercado se perguntava se a Canon tinha um plano definido para seu futuro lineup de mirrorless, ou se estava meio perdida: https://www.imaging-resource.com/news/2019/01/08/wheres-canon-going-with-the-eos-r-do-they-have-a-plan

Um ano depois: a Canon EOS RP

No ano seguinte a Canon apresentou a EOS RP, o que deixou o mercado ainda mais confuso sobre os movimentos da gigante japonesa. A Canon RP é uma full frame, com menos megapixels (26 x 30) do que a sua irmã mais velha (R), menos pontos de foco, bateria menos eficiente, menos disparos no modo burst, sem estabilizador de sensor (IBIS) menor em tamanho e peso, e mil dólares mais barata (a R custava US$2.299 enquanto a RP foi lançada por US$1.299).

Ou seja, enquanto a comunidade mundial de fotografia aguardava ansiosamente os “monstrinhos” que a Canon estava preparando para o mundo mirrorless, a empresa lança um produto inferior e mais barato, mirando o consumidor prosumer (termo em inglês para designar o consumidor amador mas que busca produtos profissionais a custo acessível).?

Para mim estava claro que a Canon estava testando o mercado, testando preços, testando formatos, para entender como o seu cliente iria se comportar na migração para o mirrorless. Veja na foto abaixo que, apesar de se chamar RP, a sigla impressa na frente da câmera é apenas “R” como o primeiro modelo, apenas para confundir ainda mais o consumidor (!!). A diferença física entre elas é o tamanho físico e o formato, sendo a RP mais “achatada” em cima.

Uma breve reflexão sobre o tamanho das mirrorless

Um dos testes que eu acredito que a Canon fez com o lançamento da RP foi em relação às medidas da câmera. Ela é ligeiramente menor e mais leve do que a R, que por sua vez é significativamente menor do que uma 5D mark IV por exemplo. A questão do tamanho da câmera sempre foi um dos adjetivos propulsores do mercado mirrorless, pois sem o espelho interno em 45º seria possível fazer câmeras muito menores e mais leves. Mais leves, ok, todo mundo quer, mas.. muito menores? Será?

Existe uma questão de ergonomia que deve ser levada em consideração aqui. O fotógrafo profissional está muito acostumado com o peso e a “pegada” ou seja o formato e a forma de pegar uma câmera full frame, e isso já é bem aceito mundialmente. Mexer nesses formatos e entregar uma câmera minúscula (como a M50 por exemplo) desagrada quem trabalha diariamente com a câmera no punho, pois a sensação de fotografar é completamente diferente. Por isso, mesmo que seja possível diminuir em até 50% o tamanho da câmera, não é exatamente isso que o mercado profissional deseja.

A Sony reinou 7 anos praticamente sozinha no mercado mirrorless e propôs câmeras full frame um pouco menores do que as habituais Canon e Nikon. Muitos se acostumaram e aceitaram a mudança, enquanto outras vozes importantes do mundo da fotografia se negaram a fotografar com câmeras tão pequenas.

Outra questão são as lentes profissionais, que mesmo as mirrorless continuam pesadas para manter a qualidade máxima da ótica empregada e dos materiais de acabamento, ou seja, de que adianta uma câmera minúscula de 300g, presa a uma lente parruda de 1,5 kg? Fica difícil inclusive de equilibrar a câmera em uma situação dessas, o balanço entre câmera e lente simplesmente não funciona, a não ser que as lentes “pros” também acompanhassem essa miniaturização mantendo a qualidade – é possível que este seja o futuro, mas ainda não chegamos lá.

Por essas e outras que eu acredito que a Canon, com a RP, quis testar os seus consumidores e ver se ele estava disposto a fotografar com uma câmera full frame bem menor do que as tradicionais, pois com o preço lá embaixo para uma mirrorless cheia de tecnologia, ela queria ver se a câmera seria um sucesso ou não. Vendeu, é claro, mas não foi um sucesso imediato. Ao longo dos dois anos seguintes, ela se mostrou muito eficiente para vloggers do Youtube, pois um corpo full frame por este preço, relativamente pequena e leve, e com modo de video 4k/24p e 1080/60p, e excelente sistema de autofoco, não é de se jogar fora.

A dupla EOS R5 e R6

Com o decepcionante (ou pode chamar de “cauteloso”) lançamento da RP em 2019, o mercado começou a se questionar se a Canon teria mesmo condições de brigar ombro a ombro com a Sony no mundo mirrorless, ou se tinha perdido o bonde de vez, podendo até ser varrida do mercado da fotografia como Kodak, Polaroid e tantas outras que não enxergaram os caminhos do futuro. (Tudo bem que a Polaroid foi vendida e se re-inventou recentemente, mas isso é assunto para outro post.)

A essa altura, em 2019/2020, a tecnologia mirrorless já não era mais coisa do futuro, era o presente. As câmeras Sony estavam por toda parte no mercado amador e profissional; as Fujfilm, caríssimas mas incrivelmente boas, encontraram espaço num reduto de artistas plásticos/designers/ arquitetos/ fotógrafos autorais. Até a Nikon, que também demorou pra acordar, não decepcionou tanto assim com seus lançamentos mirrorless em 2019, as interessantes Z7 e Z6, agradando seus fãs.

E a Canon? Iria continuar fazendo experiências de mercado, sem deixar claro qual era a sua linha de raciocínio?

Eu como professor de fotografia e usuário Canon desde 1999, recebia nessa época dezenas de perguntas nas redes sociais, sobre esse movimento da Canon , quando/se ela iria lançar as “feras” ou se ia ficar escondendo o jogo.. se ela tinha capacidade de competir nesse mercado.. eu também não sabia a resposta.

2020: Pandemia e assombro do mercado

Chegou 2020 e com ele a pandemia, paralisando todos os negócios mundiais. Lançamentos de filmes, de carros, de equipamentos eletrônicos, novidades tecnológicas.. tudo ficou para depois. Menos para a Canon.

2020 era ano de Olimpíadas – e em Tóquio, a casa da Canon! – e os jogos olímpicos são um evento onde tradicionalmente a dupla Canon e Nikon lançam suas novidades, principalmente as câmeras top de linha e as lentes super teleobjetivas (400, 600, 800mm ) pois são esses equipamentos que todo mundo vai ver na mão dos fotógrafos durante a transmissão dos jogos. Mas… até Tóquio 2020 foi adiada, as Olimpíadas ficaram para 2021!

Mesmo com o adiamento dos jogos, os rumores sobre uma possível “R5” – que seria a sucessora mirrorless da histórica linha DSLR 5D – já bombavam na internet, e, com o mundo parado, sem dar atenção a nada em especial a não ser o coronavírus.. a Canon aproveitou o silêncio e explodiu o mercado com duas câmeras ao mesmo tempo, a já falada EOS R5 e a sua irmã, a EOS R6.

Finalmente! A câmera que todo mundo esperava chegou! A tal “Alphakiller” estava apresentada e colocaria a Canon finalmente no jogo, por meros.. US$3.900! Ou absurdos US$5.000 se vendida junto com a lente RF 24-105 f/4!! Esses valores eram um pouco acima do que a comunidade esperava, afinal estavam quase mil dólares mais caros do que a média de preço das 5D sempre que lançavam uma nova atualização!

A Canon retrucou, lembrando que a R5 filma em 8k (!!!) sendo a primeira do mercado a fazer isso, e que tinha 45 megapixels, sensor com incrível capacidade de fotografia em baixa luz (para competir com os super sensores sem ruído das Sony), IBIS de 8 stops, modo contínuo de 20 frames por segundo, e surreais 5940 pontos de foco, com reconhecimento facial e de olho humano, o que seria praticamente impossível fazer uma foto sem foco e sem querer.

Muitas dessas características já eram presentes nas Sony há alguns anos, o que fez alguns críticos falarem “ok, e daí? as Sony tem isso” mas agora a Canon estava oficialmente soltando os cavalos e colocando toda a tecnologia presente no mercado nas suas câmeras, adicionando o feature de video em 8K. Pelo preço da R5 ficou claro que essa era uma câmera híbrida de foto e video profissional, pois algumas características de video como o próprio 8K mostravam que ela poderia ser usada em situações muito profissionais de TV e até cinema, tudo isso embalado em um corpo pequeno para o tipo de uso.

É verdade que ao longo dos primeiros testes publicados nos sites e canais especializados, mostraram que a R5 esquentava demais quando utilizada no modo video 8k por muito tempo, travando a câmera. Após algumas atualizações no firmware, ainda ao longo de 2020, parece que o problema foi resolvido.

Junto com a R5 veio sua irmã menor, a R6 (como se fosse a 6D da linha DSLR), que, por “honestos” US$2.500 entrega, num corpo praticamente igual, 20 megapixels, 1053 pontos de foco, 20 frames por segundo no modo de shutter eletrônico (e 12 fps no mecânico), filme em 4K, ISO até 102400, entre outras características excelentes para uma câmera desse porte. A decepção da R6 foi por conta dos 20 megapixels, que atendem um grupo de fotógrafos (fotojornalistas, eventos, etc) mas não atendem a outro grupo, que precisa de maior resolução na imagem final como ensaios de moda, paisagem, vida selvagem, etc.

Agora sim o mercado de fotografia ficou satisfeito com a Canon e certo de que ela finalmente começaria a abrir o jogo. Porém, esse gap de 20 megapixels para 45 é grande, sendo que a numeração dessas câmeras é sequencial, R5 e R6. E agora, será que tem espaço para uma mirrorless de, uns 32 megapixels, entre essas duas? Como ela se chamaria? Qual seria o próximo passo da Canon?

Durante o ano de 2020 e início de 2021 muita gente boa me perguntou se eu trocaria as minhas 5Ds e 5D mark III pela R5, ou se R6 valia a pena.. eu realmente fiquei tentado e achei que a R5 poderia ser mesmo a minha porta de entrada no mirrorless (apesar de já usar a M50 há anos para gravar videos) mas resolvi esperar.

Em 2019, um ano antes do lançamento da R5, um executivo da Canon disse na mídia que eles estavam trabalhando na 5D mark V, e que essa câmera seria espetacular. Pois um ano mais tarde, semanas após o lançamento da R5, a mesma Canon oficializou o fim da mítica linha 5D – a mais vendida, a mais amada, a mais usada – mostrando que o caminho deles estava realmente pavimentado para o mirorrless.

Esses eram indicativos para mim, que mais câmeras viriam a reboque do lançamento da R5 e R6, e agora eles mostrariam seu valor e acertariam o lineup de produtos para ficar claro ao consumidor – amador ou profissional – qual era a câmera para ele.

“The beast”:  chegou a R3

Em abril de 2o21 chegou ao mercado de surpresa a EOS R3, a câmera mais tecnológica já lançada na história da Canon. Direcionada para fotojornalistas e vida selvagem, esta fera de 24 megapixels com 2 sensores empilhados capazes de entregar 30 fotos por segundo (!!!!!).

Com seu corpão parecido com os da linha 1D, essa câmera trouxe incríveis inovações no sistema de foco, deixando a experiência de fotografar elementos em movimento, como bichos ou atletas ainda mais fluida e sem perder uma foto. Para conseguir isso, eles criaram um sistema de infra-LEDs que conseguem identificar a direção em que o fotógrafo está olhando, dentro do EVF, e baseado nisso direcionar o foco!!

Ao mesmo tempo, uma tecnologia de deep learning permite que o foco mantenha-se suave ao longo de todos os quadros. Sua inteligência artificial identifica rostos, olhos, cabeças, animais, carros e motocicletas, para acertar o foco nestes elementos. Além disso ela consegue foco em situações de baixíssima luz e pouco contraste. Como tudo tem seu preço, essa câmera seria a equivalente a 1Dx no mercado DSLR, com preço de US$6.000. Apesar de ainda nova no mercado, a R3 já se consolida como a melhor mirrorless já lançada.

Lineup se desenhando em 2022: R7 e R10

Assim como em 2020, dois anos mais tarde a Canon lança ao mesmo tempo duas novas mirrorless, dessa vez abrindo o leque para as câmeras cropadas, um mercado importantíssimo para as marcas pois atinge muito mais gente, com menos poder aquisitivo ( ou menos disposição para gastar com câmeras) e que está começando na fotografia. De uma tacada só, em maio/22, ela apresenta a EOS R7 (sucessora da queridinha 7D) e a EOS R10, que seria equivalente a uma 80D por exemplo. Ambas cropadas, sendo a R7 com uma “pega” maior, mais parecida com as full frame, e a R10 menor, de plástico, tendendo mais para as câmeras de entrada DSLR, como um SL3 por exemplo. Os preços são convidativos, USS1.500 para a R7 e US$ 980 para a R10.

Pela quantidade de recursos que essas câmeras tem, são players importantes na mesa agora, e deixarão muita gente com água na boca, principalmente porque, num raro gesto de generosidade da Canon, herdaram da R3 muito das novidades relacionadas ao foco automático, e ambas tem ainda 15 frames por segundo no shutter fisico! Veja bem, US$1k por uma câmera mirrorless com sistema perfeito de foco automático e 15 frames por segundo? Vale a pena ter mesmo que você fotografe vida selvagem apenas 1x por ano e olhe lá! A Canon R7 tem os 33 megapixels que a R6 deveria ter, e a R10 vem com 24 megapixels.

*ATUALIZAÇÃO: R6 Mark II *
Em novembro de 2022, meses depois que eu escrevi este artigo, a Canon surpreende novamente e lança a R6 Mark II, ou seja, a atualização da R6, que foi lançada há apenas 2 anos, junto com a R5. Nesta atualização as novidades estão muito mais no campo do video do que da fotografia, indicando que a R6 foi definitivamente reposicionada como uma câmera híbrida para foto/video. Eu escrevi sobre esse lançamento nesse post aqui: https://marcellocavalcanti.com.br/canon-lanca-a-r6-mark-ii/

*ATUALIZAÇÃO: R8 e R50 *
Fevereiro de 2023: a Canon lança simultaneamente a R8, full frame, e a R50, cropada, duas câmeras minúsculas, baratas e muito poderosas. Fiz um breve review desse lançamento neste post aqui: https://marcellocavalcanti.com.br/r8-e-r50-a-canon-ataca-novamente/

*ATUALIZAÇÃO: R100 *
Em maio de 2023, a Canon vem de novo ao mercado anunciar a mais nova mirrorless de entrada, a básica das básicas, a R100, ainda mais barata do que a R50, menor e com menos recursos, mas ainda assim surpreendentemente poderosa: sensor cropado de 24,1 Megapixels, Iso de 100 a 12.800, 143 pontos de foco, reconhecimento facial, disparo contínuo de 6,5 frames por segundo, filmagem em 4k, entre outros features. PAra baratear, ela tirou o IBIS (estabilizador de sensor, presente nas câmeras mais caras)  e o visor traseiro articulado, que no caso da R100 é fixo, e sem touchscreen.

Mesmo sem essas características a câmera não faz feio, do alto dos seus 356 gramas de peso (!!) inclusive a própria Canon do Brasil me convidou a testá-la no Pantanal (confesso que no início fiquei desconfiado, achei que a câmera não ia entregar boas fotos..) e o resultado foi incrível, uma câmera pequena e poderosa! Veja no link abaixo, as fotos que eu fiz com ela, a maioria usando um adaptador EF-RF e acoplando a 100-400mm!

Video no Youtube com a R100 no Pantanal: https://youtu.be/MmaSP_z7vYo?si=iA-Nixz5a3gSeKBy

Depois desses lançamentos já temos o seguinte lineup desenhado (com preços de lançamento; hoje já se encontram mais baratos):

Mercado profissional
Canon R3 (full frame) – US$6.000
Canon R5 (full frame) –  US$3.900
Canon R6 Mark II (full frame) – US$ 2.500
Canon R6  (full frame) –  US$2.500

Mercado semi-profissional e profissional
Canon R (full frame) – US$ 2.3000
Canon R7 (APS-C) – US$1.500
Canon R8 (full frame) – US$1.499

Mercado amador/ Prosumer
Canon Rp (full frame) – US$1.299
Canon R10 (APS-C) – US$980
Canon R50 (APS-C) – US$679
Canon R100 (APS-C) – US$599 (R$3.699 na Canon Brasil)

Coloquei esse comparativo de preçø, mas não significa exatamente que quanto mais cara melhor.

No caso da R3, sim, é a melhor câmera deste lineup, mas a R10 por exemplo tem mais tecnologia embarcada do que a RP, e custa mais barato. Para quem quer investir em vida selvagem por exemplo, mesmo sendo APS-C, talvez seja hoje uma melhor opção pegar a R10 ou até uma R50, do que a RP.

Abaixo, elaborei esta tabela com o comparativo completo dessas câmeras, com todas as especificações técnicas para ficar bem claro!

Especificações EOS
R10
EOS
RP
EOS
R7
EOS
R
EOS
R6
EOS
R5
EOS
R3
Lançamento Maio/22 Fev/19 Maio/22 Set/18 Jul/20 Jul/20 Abr/21
Preço (no lançamento) US$ 979 US$ 1.299 US$ 1.499 US$ 2.299 US$2.499 US$3.899 US$ 5.999
Corpo – Material Plástico Liga de magnésio Liga de magnésio Liga de magnésio Liga de magnésio Liga de magnésio Liga de magnésio
Sensor APS-C Full frame APS-C Full frame Full frame Full frame Full frame
Tipo de sensor CMOS CMOS CMOS CMOS CMOS CMOS Stacked CMOS
MegaPixels 24 Mpixels 26 Mpixels 33 Mpixels 30 Mpixels 20 Mpixels 45 Mpixels 24 Mpixels
Resolução máxima 6000 x 4000 6240 x 4160 6960 x 4640 6720 x 4480 5472 x 3648 8192 x 5464 6000 x 4000
Estabilizador no sensor Não Não IBIS Não IBIS IBIS IBIS
Processador Digic X Digic 8 Digic X Digic 8 Digic X Digic X Digic X
Range de ISO 100-32.000 100-40.000 100-32.000  100-40.000 100-102.400 100-51.200 100-102.400
Nº de pontos de foco 4503 4779 5915 5655 1053 5940 4779
Reconhecimento de face/olho Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim e +
Velocidades min/max 30″ a 1/4000 30″ a 1/4000 30″ a 1/8000 30″ a 1/8000 30″ a 1/8000 30″ a 1/8000 30″ a 1/8000
Modo burst (frames por segundo) 23 fps 5 fps 30 fps 8 fps 20 fps 20 fps 30 fps
Video (qualidade máxima) 4k / 30p 4k / 24p 4k/30p 4k / 30p 4k/ 60p 8k / 30p 6k / 60p
Cartão de memória 1 slot SD 1 slot SD 2 slots SD 1 slot SD 2 slots SD 2 slots SD e CF 2 slots SD e CF
Proteção contra água e poeira (selada) Não Não Sim Sim Sim Sim Sim
Bateria suporta até 450 fotos 250 fotos 660 fotos 370 fotos 360 fotos 320 fotos 760 fotos
Tipo de bateria LP-E17  LP-E17 LP-E6NH LP-E6N LP-E6NH LP-E6NH LP-E19
Wi-fi Sim Sim Sim Sim Sim Sim Sim
GPS Não Não Não Não Não Não  Sim
Dimensões 126 x 88 x 83mm 133 x 85 x 70mm 132 x 90 x 92mm 136 x 98 x 84mm 138 x 98 x 88mm 138 x 98 x 88mm 150 x 143 x 87mm
Peso (só o corpo) 426g 485g 612g 660g 680g 738g 1015g

Você pode ver uma tabela (em inglês) ainda mais completa aqui: https://www.dpreview.com/products/compare/side-by-side?products=canon_eosr6ii&products=canon_eos_r100&products=canon_eosr50&products=canon_eosr8&products=canon_eosr3&products=canon_eosr5&products=canon_eosr6&products=canon_eosr7&products=canon_eosr10&products=canon_eosrp&products=canon_eosr&sortDir=ascending

Esta é uma atualização do cenário das mirrorless Canon, linha RF, até janeiro/2024. Conforme novos lançamentos vão sendo feitos, deixando o lineup mais completo, vamos atualizando este post!

E você, o que achou de tudo isso? Já está pensando em pegar uma mirrorless Canon, ou já tem uma?  Me segue lá no Instagram e comenta comigo no direct! Tendo mais alguma dúvida sobre o tema, posso te ajudar por lá! 🙂

Abraços!

SOBRE O AUTOR

Marcello Cavalcanti

Fotógrafo outdoor com 20 anos de experiência. Youtuber com o canal Por Trás da Foto, professor de fotografia presencial e online, idealizador dos Cursos Online Fotografia de Paisagem., Filter Masters by K&F Concept, A Caixa Preta do Fineart, e vencedor de prêmios relevantes no cenário da fotografia de paisagem e natureza. Cadastre-se na minha newsletter para ficar sabendo dos novos lançamentos, promoções e dicas de fotografia!