Sobre o Workshop

Aconteceu em julho/2022 nossa 1º expedição fotográfica desse ano, na verdade uma incursão prévia em formato de expedição, para montar o workshop para 2023 na Bolívia e suas paisagens espetaculares!

A expedição foi idealizada por mim, em parceria com a Pixel Expedições, uma empresa especializada em expedições fotográficas desde 2010, e que já promoveu workshops desse tipo para mais de 50 destinos no mundo.

A ideia deste workshop é explorar a região sul da Bolívia, este país tão interessante quanto inexplorado da América do Sul, principalmente se comparado com os “popstars” Chile, Argentina, Peru e Brasil.

Esta região boliviana concentra dois tipos singulares de paisagens: O Salar de Uyuni e o altiplano boliviano. O Salar é mais conhecido, um imenso deserto vazio de sal, com mais de 12.000 km quadrados ( o maior deserto de sal do planeta) e, algumas centenas de quilômetros abaixo, o altiplano e os desertos bolivianos, com suas paisagens insólitas, geisers, vulcões, lagunas coloridas e flamingos.

Porém, antes de alcançar os desertos, passamos dois dias em La Paz, a capital da Bolívia, para aclimatação da altitude, pois a região do salar e arredores está acima dos 4.000 metros, atingindo 5.000 em alguns pontos.

Como era uma expedição exploratória, para acertar os últimos detalhes para 2023, levei apenas dois participantes, o Roberto e o Rodolfo, que se acabaram de fotografar neste lugar fantástico, inclusive aproveitamos o grupo seleto para fazer sessões de astrofotografia praticamente todas as noites, para poder testar as melhores locações e fazer deste workshop de 2023 o melhor possível!

Nesta página fiz um relato praticamente diário da viagem, mas se quiser pode navegar direto ao assunto pelo menu abaixo.

R O T E I R O

La Paz e a acensão ao Chacaltaya

Nosso workshop teve duração de 8 dias, começando pela capital da Bolívia La Paz, onde ficamos por duas noites, para que o corpo pudesse se aclimatar bem à altitude. La Paz está a 3.200 metros acima do nível do mar, e os pontos que visitaremos a seguir estão bem acima disso. Ficamos em um hotel bem localizado e pudemos fotografar um pouco da região central da cidade, com arquitetura histórica, especialmente próximo à localidade conhecida como Mercado de Las Brujas.

Ao chegar em La Paz, na mesma hora você sente uma leve tonteira e/ou dor de cabeça, mas no dia seguinte a disposição já é outra, e só melhora. Tanto que neste 2º dia em La Paz fizemos uma ascensão à 5.421 metros de altitude; subimos de carro a estação de ski abandonada conhecida como Chacaltaya – abandonada porque, devido às alterações climáticas, já não neva com vigor neste local há muitos anos, por isso a estação foi desativada.

A subida é forte, feita por uma estradinha de terra sinuosa e cheia de abismos, mas que nos levou a vistas impressionantes de uma região desértica próxima à La Paz e a cidade de El Alto (4.100m). Dessa estrada pudemos ver e fotografar duas imponentes montanhas que ficam nesta região, ambas acima dos 6.000 metros: o Huayna Potosi (6.088m) e o Illimani (6.438m).

Ao chegarmos à base da estação de ski, mais um desafio nos foi proposto; subir uma trilha de aproximadamente 350 metros, para alcançar o topo da montanha, a exatos 5.421 metros de altitude, pessoalmente o lugar mais alto que eu já pisei na vida!

Trezentos metros de subida pode parecer pouco, mas nessa altitude, cada passo pesa 100kg! Foi bem difícil, falta ar, falta tudo, mas essa “missão” foi fundamental para que passássemos bem nos próximos dias de viagem. Lá de cima, o visual é fantástico e deu para fazer alguns cliques da paisagem também.

Chegada à cidade de Uyuni

Depois destes 2 dias em La Paz, finalmente voamos para Uyuni, o portão de entrada do Salar (por isso o nome, Salar de Uyuni). Eu costumo dizer que essa cidade é um verdadeiro faroeste de filme, pois é naquele estilo, super empoeirada, poucas ruas, muitos carros 4×4 nas ruas seguindo viagem para o altiplano, e pouco a se fazer por lá. É realmente chegar, encontrar os guias locais e seguir para estrada. E foi o que fizemos, nos encontramos com o guia que ficaria conosco durante toda a expedição, compramos alguns mantimentos e partimos em direção ao altiplano boliviano, passando ao largo do Salar – voltaremos nele no final do workshop!

Rota para Laguna Colorada

Essa rota entre Uyuni e o nosso refúgio, (próximo à Laguna Colorada) é uma longa viagem de carro, são cerca de 300km percorridos em mais de 7 horas, pois além de inúmeros atrativos ao longo da jornada, o que nos “obrigava”a parar para fotografar cada um deles, a estrada é parcialmente construída, e o resto todo é estrada de terra e principalmente de areia fofa, já adentrando a região desértica do sul da Bolívia.

Astrofotografia na Árbol de Piedra

Por fim, à noite chegamos no nosso refúgio, que será a nossa base de operações para os próximos 3 dias. O grupo estava cansado porém animado com o local, por isso partimos para nossa 1º sessão de astrofotografia na viagem: fomos de carro à mítica Árbol de Piedra, um dos atrativos mais famosos dessa região. Trata-se de uma curiosa formação rochosa, em forma de árvore, que foi esculpida pelo vento por milhares de anos. Apesar do frio intenso (entre -5º e -10ºC) conseguimos fazer boas fotos da Via Láctea compondo com a Árbol de Piedra e outras formações rochosas ao redor.

Geisers (Sol de Mañana)

No dia seguinte, saímos novamente de carro em direção aos geiseres, conhecidos como Sol de Mañana. Trata-se de uma região de intensa atividade vulcânica, com buracos no chão expelindo gás natural, cheios de água e lama fervente. É um local difícil até, para fazer fotos, mas conseguimos fotografar por lá também.

Desierto Dali e Laguna Verde

Dos geiseres, continuamos nossa rota em direção ao extremo sul da Bolívia, e passamos por uma interessante região chamada Desierto de Dali, um deserto de areia grossa que tem monólitos de pedra isolados na vastidão de uma grande duna. Dizem que o pintor Salvador Dali se inspirou nessa paisagem para criar algumas de suas pinturas, por isso o nome.

Seguindo mais ao Sul, praticamente na fronteira com o Chile nos deparamos com uma das montanhas mais imponentes de toda região, o famoso vulcão Licancabur. Aqui, no lado boliviano, ele é visto ao lado das belíssimas Laguna Verde e Laguna Blanca, onde paramos por um tempo para fazer fotos não só delas mas também explorar um pouco a paisagem de forma mais abstrata, devida às intensas cores vistas por ali.

Esta é uma região muito desértica onde se vê pouca vida selvagem, por isso o pequeno zorro (raposa do deserto) que demos de cara quando chegamos na Laguna Verde fez a alegria dos participantes da expedição!

Astrofotografia na Laguna Colorada

Este foi realmente um dos workshops de fotografia mais intensos que eu já ministrei na vida, pois, como o grupo era pequeno, eu propus que fizéssemos sessões de astrofotografia SEMPRE que o céu estivesse limpo à noite! Esta é uma região de Bortle 1, ou seja, o melhor céu possível para fotografar estrelas, dentro da Escala de Bortle (que vai de 1 a 9, sendo 1 o melhor, e 9 o pior) por isso não poderíamos perder essas oportunidades!

Na volta da Laguna Verde, fomos direto para a região da Laguna Colorada, tentar o arco da Via Láctea completo no céu. Deu certo!

Laguna Colorada (diurna)

Depois de fotografarmos a Laguna Colorada à noite com o céu estrelado, ficou aquele gostinho de vê-la de dia, por isso neste dia seguinte, fomos direto para ela, e realmente é linda, talvez a mais bonita e imponente de toda a região do altiplano!

Além de ter uma forte tonalidade vermelha contrastando com áreas azuis que refletem o céu limpo, ela é cheia de vida, com vicunhas bebendo água, flamingos se alimentando, entre outros animais. Foi excelente poder praticar fotografia de paisagem E de vida selvagem neste “oásis” boliviano!

Lagunas Honda e Hedionda

Um pouco mais tarde partimos para um longo roteiro de carro, agora direção norte, visando chegar antes do pôr do Sol nas Lagunas Honda e Hedionda, que ficam lado a lado.

Pelo caminho, passamos novamente na Árbol de Piedra, agora de dia, e também paramos para fotografar um grupo de simpáticas viscachas, uma espécie de chinchila boliviana.

A Laguna Honda é belíssima e possui um entorno interessante, com o solo fraturado provalvemente pela intensa variação de temperatura desta região.

já a Laguna Hedionda é também cheia de vida, com centenas de flamingos se alimentando. Chegamos lá no final de tarde e vimos um espetáculo emocionante, a “dança dos flamingos” quando eles se juntam em grandes grupos numa inusitada dança do acasalamento. Neste local propus aos participantes do workshop que fizéssemos fotos em longa exposição, como 1/2 segundo, 1 segundo, 3 segundos, etc, para mostrar esse intenso movimento dos animais na laguna. Para isso , começamos utilizando filtros ND que pudessem controlar a luz natural para chegarmos a uma velocidade tão lenta ainda de dia, e aos poucos fomos tirando eles, pois com o Sol se pondo a luz foi rareando na cena.

Astrofotografia no refúgio

Em frente ao nosso refúgio de deserto, havia um carro antigo abandonado. Achei que daria uma bela composição noturna, e propus mais essa saída prática. Por volta da 1 da manhã, lá fomos nós, fotografar a Via Láctea passando por cima do carro, que iluminamos com uma lanterna para que aparecesse bem na foto. Essa sessão fotográfica rendeu uma das melhores fotos noturnas da nossa expedição!

Retorno ao Salar de Uyuni

Depois de 3 dias intensos explorando a região do altiplano e desertos bolivianos, voltamos enfim ao Salar de Uyuni, em uma longa jornada de 4×4 atravessando os desertos, passando por pequenas vilas (pueblos, como eles chamam) de criadores de lhamas, até o maior deserto de sal do planeta. Chegamos no final de tarde no hotel, para descansar pois ainda temos um dia completo no salar amanhã!

Astrofotografia no Salar alagado

Neste caminho pelo salar, passamos por uma região ainda alagada – resquício das chuvas de verão, pois aqui não há para onde escoar a água, por isso as chuvas formam imensas poças, algumas com quilômetros de diâmetro, e levam meses para evaporar – e decidi que ali faríamos nossa última sessão de astrofotografia, um desafio enorme pois teríamos que estar lá de madrugada, num frio intenso, e utilizando galochas de borracha para não molhar os pés naquela fina lâmina de água gélida que nos tocava até a altura do tornozelo.

Foi uma das experiências fotográficas mais mágicas da minha vida, com o céu estrelado totalmente refletido no chão – sim, parecia que estávamos caminhando nas estrelas! O Rodolfo levou um drone para essa viagem e ainda fizemos algumas fotos interessantes usando o drone como lanterna de lightpainting, realizando desenhos no céu!

Apesar do forte frio – volta e meia alguém corria pro carro para se esquentar um pouco no aquecedor – ficamos lá até o Sol nascer, e pudemos registrar todas as nuances de cores possíveis dessa blue e golden hour mágica no salar alagado.

Salar e Isla Incahuasi

Nosso último dia de expedição fotográfica, partimos cedo para conhecer mais o Salar de Uyuni; passamos por pontos clássicos como a pedra de sal do Rally Dakar (sim, entre 2015 e 2018 o mais famoso rally do mundo passou por aqui), o 1º hotel de Sal do salar, almoçamos no meio do deserto, e por fim fechamos o workshop fotografando o pôr do Sol do alto da Isla Incahuasi, um “oásis” de cactos que se parece com uma ilha mesmo, no meio do salar, com vista panorâmica 360º para aquele infinito branco. Foi o local perfeito para coroar a expedição fotográfica mais intensa que eu já ministrei!

No dia seguinte retornamos ao aeroporto do Uyuni para seguir viagem de volta ao Brasil. Quero deixar meus agradecimentos à nossa equipe local na Bolívia, que fez de tudo para nos mostrar o melhor que ela tem a oferecer; Aos meus alunos e participantes do workshop Roberto e Rodolfo, que toparam ir comigo nessa aventura exploratória e confiaram na proposta; e também a Pixel Expedições por mais uma vez confiar no meu trabalho e montar comigo este roteiro e logística incríveis, certos que em 2023 faremos uma expedição ainda mais espetacular!

⚠️ Vem aí.. Expedição Fotográfica Bolívia em 2023!

Em 2023 estarei liderando uma nova expedição fotográfica à região sul da Bolívia, incluindo o Salar de Uyuni e o altiplano e desertos bolivianos! Caso tenha interesse em participar, veja todas as informações aqui neste link: https://bit.ly/Bolivia2023

SOBRE O AUTOR

Marcello Cavalcanti

Fotógrafo outdoor com 20 anos de experiência. Youtuber com o canal Por Trás da Foto, professor de fotografia presencial e online, idealizador dos Cursos Online Fotografia de Paisagem., Filter Masters by K&F Concept, A Caixa Preta do Fineart, e vencedor de prêmios relevantes no cenário da fotografia de paisagem e natureza. Cadastre-se na minha newsletter para ficar sabendo dos novos lançamentos, promoções e dicas de fotografia!