Finalmente!

Depois de muita antecipação, muita fofoca, muito disse-me-disse, duas das câmeras mais esperadas pelo público profissional da Canon finalmente chegaram: a EOS R1, (flagship da marca) e a EOS R5 Mark II, que vamos mostrar em detalhes nesse post.

Quem acompanha aqui o blog sabe que eu já escrevi vários de posts sobre a linha mirrorless da Canon, então se você está um pouco perdido nesse tema e quer comprar uma câmera dessas, leia também esses posts aqui:

• Câmeras mirrorless Canon: O que você precisa saber

• Canon lança a R6 Mark II

• R8 e R50: a Canon ataca novamente

• Como escolher sua próxima Canon Mirrorless

• Canon R6 Mark II: minhas considerações

Mas vamos lá:

Tradicionalmente, há muitos anos, a Canon e a Nikon (marcas dominantes no último século) faziam seus lançamentos a cada 4 anos, coincidindo com os jogos olímpicos, para que o mundo pudesse ver as fotos nos jornais feitas com as super novas câmeras deles. Virou um jogo de marketing datado, especialmente quando a Sony entrou no jogo com as suas mirrorless e passou a atualizar os modelos todos os anos. Isso deixou a dupla Canon-Nikon de cabelos em pé e obrigou essas marcas a acelerar um pouco as suas ações, mas a Canon continua tradicional ao método dos jogos olímpicos.

Tanto que lançou em 2020 as primeiras grandes mirrorless da marca (EOS R6 e EOS R5) – coincidindo com os jogos de Tóquio (casa da Canon) que acabaram sendo adiados para 2021 por causa da pandemia de covid, mas mesmo assim a Canon manteve a tradição e lançou no meio da pandemia essas duas grandes câmeras – e agora, 4 anos depois, às vésperas dos jogos de Paris 2024, abriu o jogo e lançou a R5 Mark II (a esperada atualização da R5) e de quebra, a R1, que vem a flagship camera da marca, ou seja, a número 1, a melhor câmera do lineup de equipamentos.

Só para situar o leitor mais desavisado, estamos falando de câmeras acima dos 4.000 dólares, para uso profissional. Na verdade qualquer um com esse dinheiro pode comprar uma dessas câmeras, porém já deixo alertado que essas câmeras tem tantos recursos que podem confundir um fotógrafo amador, por isso se esse é o seu caso, comece pelas câmeras de entrada, que realizam muitas funções de forma simplificada e automatizada, para ajudar na evolução do fotógrafo. Neste post aqui eu disseco bem esse assunto profissionais x amadores. 

Vamos falar então da R5 Mark II.

EOS R5 Mark II

A mirrorless EOS R5 foi lançada pela Canon em 2020 com pompa e circunstância, pois performava em alta velocidade com 20 frames por segundo e arquivos de 45 megapixels, gravava videos em 8K, entre outros recursos. Agradou muito o público (chegou a ter um problema inicial de superaquecimento na gravação dos videos, mas foi corrigido por atualização de software) mas tudo que é bom pode melhorar, por isso vamos analisar lado a lado as duas câmeras, a antiga, e a nova, R5 Mark II.

Especificações EOS R5 Mark II EOS R5
Lançamento Julho/2024 Julho/2020
Preço médio EUA (no lançamento) US$ 4.299 US$ 3.899
Corpo (material) Liga de magnésio Liga de magnésio
Sensor Full frame Full frame
Tipo de sensor Stacked CMOS (dual pixel) CMOS
Megapixels 45 MP 45 MP
Resolução máxima (pixels) 8192 x 5464 8192 x 5464
Estabilizador no sensor IBIS IBIS
Processador Digic X + Accelerator Digic X
Range de ISO 100 – 51.200 100 – 51.200
Nº de pontos de foco 5.940 5.940
Reconhecimento de face/olho Sim Sim
Veloc. obturador min/max 30″a 1/32000 30″a 1/8000
Qtd. frames por segundo 30 fps (eletrônico)
12 fps (mecânico)
20 fps (eletrônico)
12 fps (mecânico)
Video (qualidade máxima) 8k / 60p 8k / 30p
Cartão de memória Column 2 Value 16 2 slots: SD e CF Express
Proteção contra água/poeira (selada) Sim Sim
Bateria suporta até Dados não divulgados ainda 470 fotos no EVF
490 fotos no LCD
Tipo da bateria ideal LP-E6P (nova) LP-E6NH
Dimensões 138 x 101 x 93 mm (C x L x A) 138 x 98 x 88 mm (C x L x A)
Peso 746g 738g

Na comparação “dura” ponto a ponto na tabela, pode parecer que não houve grandes melhorias na R5 Mark II, mas vamos dissecar esses detalhes abaixo:

Sensor e Processador

As duas câmeras trabalham em 45 megapixels (ótimo para grandes impressões e grandes crops na imagem) mas existe agora uma diferença grande entre os processadores e o sensor.

A Canon EOS R5 Mark II usa o sensor BSI CMOS stacked (empilhado) ou seja, são dois sensores que trabalham juntos para agilizar o foco e entregam uma imagem melhor, com menos ruído, além de se comunicarem mais rápido com o processador, que transforma luz captada em imagem RAW. Essa tecnologia, até hoje na Canon só tinha sido usada na EOS R3, mas agora se faz presente na R5 Mark II e na R1. Para processar tanta informação e tão rapidamente, o processador da R5 Mark II é o Digic X (mesmo da R5) porém com um “turbo”que é o Digic Accelerator, também presente nas top de linha R3 e R1.

Só a inserção do sensor CMOS stacked, na minha opinião, já é o suficiente para valer o upgrade da R5 para a R5 mark II.

Pixel Shift Multi Shooting x In Camera Upscaling

A EOS R5 tem um modo especial de disparo, múltiplo, que faz até 16 fotos únicas e as empilha automaticamente, gerando um JPG único de 400 megapixels. Para usar esse feature é preciso que a câmera esteja estabilizada em um tripé.

Curiosamente, a R5 mark II não veio com essa opção, mas eles criaram outra opção para ela, o “in camera upscaling”. Você seleciona uma foto e pede para a câmera aumentá-la de tamanho. A câmera entrega um JPG com 179 Megapixels, para que você possa baixar no cartão, ou mesmo dar um crop em determinada parte.

Disparo contínuo (burst mode), Buffer e Pre-shooting

Aqui vemos outras novidades da R5 Mark II. A Canon aumentou de 20 para 30 frames por segundo a capacidade de disparo contínuo, usando o obturador eletrônico. Para o obturador mecânico tradicional, ela manteve os 12 frames por segundo. São as mesmas velocidades da R3, porém com um sensor de 45 megapixels, o que é impressionante.

O buffer da R5 Mark II também está um pouco melhor. Enquanto a memória interna da R5 aguenta 170 JPGs em sequência (sem “engasgar”) ou 83 RAW, direto, a R5 Mark II recebe 200 JPG em sequência ou 93 RAW (se usar o cartão CF Express, mais rápido) ou 86 RAW (com o cartão SD). Esses detalhes interessam especialmente aos fotógrafos de vida selvagem e esportes.

Além disso, a R5 Mark II trouxe o pre-shooting, um recurso existente também na R6 Mark II (e que não tinha na R5), onde ela tira até 15 fotos (RAW ou JPG) antes de o botão de disparo ser completamente apertado, no caso do fotógrafo ter um tempo de reação ruim a um evento, como a largada de uma corrida, ou o salto da onça-pintada, ela garante 15 fotos antes do disparo completo (!!). Esse recurso é fantástico e também merece nossa atenção.

A velocidade de disparo também subiu, de 1/8000 da R5 (super rápida) para absurdos 1/32.000 na R5 Mark II. Com essa velocidade provavelmente seja possível congelar as asas de uma abelha em vôo, ou algo ainda mais rápido!

Autofoco

Chegamos aos recursos de foco, e aqui a R5 e a R5 Mark II se separam por um abismo de diferença.

A quantidade de pontos de foco permaneceu a mesma da R5, incríveis 5.940 pontos individuais, que podem ser usados 1 a 1, ou em grupos. A R5 tem uma excelente capacidade de foco noturno, conseguindo focar em baixa luz até -6EV (usando uma lente f/1.2) mas a R5 Mark II vai além, até -6,5EV. Recursos fantásticos para quem fotografa no “lusco-fusco” (vida selvagem por exemplo) e também astrofotógrafos.

Além disso, a R5 tem uma inteligência artificial para reconhecer carros, motos, trens, carros de corrida, gatos, cães, pássaros, pessoas, rostos, olhos, mantendo o foco preciso nesses elementos de composição. Isso foi trazido para a R5 Mark II, com a adição de uma nova tecnologia de rastreamento avançado que pode detectar quando outro elemento cruzar na frente do que você estava focando, mantendo o foco no elemento inicial.

E tem mais.
O novo modo de rastreamento de assunto com prioridade de ação usa tecnologia deep learning para esportes como futebol, basquete e vôlei, para detectar onde está a ação e mover o(s) ponto(s) de foco para esse assunto. Ele pode detectar e identificar rapidamente várias pessoas, o status das articulações e as posições da bola e determinar automaticamente o assunto principal e as poses de ação, dependendo do esporte.

Quer mais? tem mais. 

O modo Registered People Priority pode detectar e priorizar até 10 rostos, mesmo em perfil lateral (!!) , um recurso fantástico para esportes, jornalismo e evenros como casamentos, com capacidade de salvar 10 arquivos em um cartão de memória cada um com 10 rostos “cadastrados”. Dessa forma o foco se mantem fixo na noiva, no presidente, no camisa 10, e por aí vai. Incrível!

Não está satisfeito? tem mais. 

Um dos recursos mais legais lançados na EOS R3 é o de foco controlado pelo olho. Ou seja, quando você está usando o EVF (electronic viewfinder) a câmera rastreia a direção em que você está olhando, e joga o ponto de foco lá. Pois não é que a R5 Mark II trouxe também esse recurso? E esse recurso ainda foi melhorado, com maior área de detecção do movimento dos olhos e 2x mais rápido do que o algoritmo da R3.

Corpo

Eu particularmente curti demais o redesign da câmera. Ela é mais arredondada, assemelhando-se a R3, – eu achava a R5 muito quadradona – e parece ter uma pegada mais profunda para a mão direita. O trade-off disso é que ela ficou levemente maior, mas pouca coisa: 3,7 mm mais larga, e 5.5mm mais alta. Els está mais larga também porque a Canon adicionou saídas de ar na parte de baixo da câmera, para ajudar na ventilação interna e evitar superaquecimentos como houve com a R5 original. O comprimento é o mesmo, 13,8cm. O peso ficou quase igual: 746 g x 738 g da R5. Alguns botões mudaram de lugar na parte de cima, deixando ela mais parecida com a R6 Mark II.

IBIS

É claro que o IBIS (In-Body-Stabilisation-System) estaria presente na R5 Mark II, mantendo o sensor sempre “flutando”dentro da câmera e permitindo ao fotógrafo usar cada vez mais, velocidades mais baixas. Porém o IBIS da R5 garante 8 pontos de luz de compensação de movimento quando usado com determinadas lentes que também tem Estabilizador de Imagem,, enquanto o IBIS da R5 Mark II vai um poquinho além, com 8.5 pontos de compensação de luz.

EVF

Apenas olhando para as 2 câmeras é possível ver como o EVF (electronic viewfinder) aumentou consideravelmente de tamanho, se assemelhando ao da R1. ISso é porque ele precisa de mais espaço para poder rastrear o movimento do olho do fotógrafo afim de controlar o foco dessa maneira.

Vida útil da bateria

A bateria é sempre uma questão nas mirrorless, pois se consome muita bateria nesse tipo de câmera para suportar tantos sensores, tanta tecnologia digital embarcada. POr isso usar boas baterias é fundamental para ter uma sessão de fotos de qualidade. A R5, assim como a R6 Mark II, já demanda a ótima bateria Canon LP-E6NH, (aquela que tem um holograma) que entrega 470 disparos se usar 100% o EVF, ou 490 disparos se usar o monitor LCD. Eu acredito que esses números flutuam muito, porque se você começa a filmar, também puxa bateria, etc. De qualquer forma é sempre bom ter 2 ou até 3 baterias extras, para uma viagem fotográfica, por exemplo.

Para a R5 Mark II a Canon lançou uma nova bateria, a LP-E6P (mesmo formato da série LP-E6) que é necessária para o uso em alta velocidade da câmera e também alguns recursos avançados de video. Até a conclusão deste post, o fabricante não divulgou a quantidade de disparos que esta nova bateria aguenta.

E o tal do Global Shutter?

Ainda não foi dessa vez que a Canon trouxe para a marca o global shutter. O que é isso?

Em situações de altíssima velocidade de elementos a serem fotografados (por exemplo, uma bola de tênis sendo rebatida, ou uma bola de golf, ou um trem em alta velocidade passando perto do fotógrafo) é possível que esses elementos saiam levemente “tortos” na foto. Isso ocorre porque a leitura da luz feita pelo sensor tradicional é feita em linhas, da esquerda para a direita, de cima para baixo. Veja bem, isso é feito em milissegundos, muito rápido mesmo, mas uma bola de tênis rebatida pode ser mais rápida do que isso, por isso parte da bola foi registrada enquanto ela estava em uma posição, e outra parte da bola foi registrada enquanto ela estava milímetros a frente, por isso ela pode sair meio torta na foto. Para quem fotografa especificamente nessas condições isso pode ser um problema irritante. Por isso em novembro de 2023 a Sony lançou o tal “global shutter” exclusivo na Alpha 9 III , que sensibiliza o sensor de maneira total, todos os pixels ao mesmo tempo, na hora da captura, para fazer uma leitura única da cena. Esse tipo de tecnologia já era usada em câmeras de video profissionais (aquelas de TV) pois com a imagem em movimento constante, em video é preciso capturar tudo de uma vez, e a Sony é lider desse tipo de equipamento há muitos anos, por isso tem uma vantagem grande no desenvolvimento de sensores, (tanto que a Nikon usa os sensores Sony).

Muito se especulou sobre isso, se a Canon iria trazer o global shutter para esses modelos tão esperados, mas ainda não foi dessa vez.

E esses foram, na minha opinião, as principais melhorias e diferenças da R5 Mark II em relação à R5.

Aí vem aquelas perguntas de sempre..

  1. Vale a pena fazer o upgrade da R5 para a R5 mark II? 
    Se você utilizava a R5 para fotografias dinâmicas, como esportes, jornalismo, vida selvagem, eventos sociais, eu acho que sim, pois as principais melhorias foram em cima do foco, velocidade de disparo, disparo contínuo, etc.
  2. Vale a pena pegar a R5 mark II especificamente para fotografia de paisagem?
    A não ser que o sensor CMOS duplo, empilhado, realmente faça milagres em relação ao ruído, eu acho que não vale a pena, se a questão financeira for determinante para você. Pois as grandes vantagens e novidades da R5 II estão na questão do foco e disparos rápidos, e na paisagem, estamos quase sempre trabalhando com foco manual, ou até automático mas sem essa necessidade de ser tão ágil, e disparos lentos, de até segundos de exposição. A grande vantagem da R5 II para paisagem seriam seus ótimos 45 megapixels, ideais para crops, e também para impressões de grande porte (acima de 1 metro), por isso, de repente pode ser uma boa pegar a R5, que ainda não vai sair de mercado, é igualmente excelente e certamente será vendida a partir de agora um pouco mais barata, para desaguar o estoque (no site da Canon EUA a R5 já aparece com US$500 de desconto, no dia do lançamento da R5 II). Mas.. se grana não for o problema, vale a pena com certeza!
  3. Você acha que a R5 mark II é uma câmera “faz tudo”? 
    Com certeza. Com as características que foram apresentadas, tanto ela quanto a R5 são câmeras completas, que atendem a todos os tipos de fotógrafos.
  4. R5 mark II ou R6 mark II? Qual você pegaria, Marcello?
    A R5 II é mais câmera, sem dúvida, vem com recursos muito novos, que provavelmente serão incorporados em uma provável R6 mark III. Porém tem um preço mais salgado, são US$4200 contra atuais US$2000 da R6 II – com esses US$2.200 de diferença você investe em uma lente de alto nível! Então tudo depende do quanto você quer gastar. Estive usando a R6 II, é uma câmera completa, e apesar dos 24 megapixels (contra 45 da R5II) fez uma ótima impressão em 100x66cm, sem qualquer perda de qualidade. Se eu puder comprar a R5 II, certamente vou nela, mas se não der, a R6II também é uma câmera “faz tudo”com muita competência.

É isso! Vamos acompanhando o mercado e as novidades pela frente!

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Abraços,

Marcello

SOBRE O AUTOR

Marcello Cavalcanti

Fotógrafo outdoor com 20 anos de experiência. Youtuber com o canal Por Trás da Foto, professor de fotografia presencial e online, idealizador dos Cursos Online Fotografia de Paisagem., Filter Masters by K&F Concept, A Caixa Preta do Fineart, Lightroom Classic Completo, e vencedor de prêmios relevantes no cenário da fotografia de paisagem e natureza. Cadastre-se na minha newsletter para ficar sabendo dos novos lançamentos, promoções e dicas de fotografia!